Professor Olavo de Carvalho, Rádio
Europa Livre (repórter Cristina Poienaru).
— Quais são as fraquezas da democracia?
Georges Bernanos já tinha dito: a democracia não é o
contrário da ditadura; ela é a causa da ditadura. Basta ver como a noção de
direitos humanos é hoje utilizada para impor às pessoas novas formas tirânicas
de controle do comportamento, para perceber que Bernanos tinha razão. A
democracia, para subsistir, tem de se apoiar sempre em alguma coisa totalmente
diversa, num sistema de valores extrapolíticos ou suprapolíticos, como por
exemplo o cristianismo. Mas a própria democracia tende a destruir esses valores
e em seguida é deixada a si mesma e se transforma em tirania: tudo democratizar
é tudo politizar, e quando não restam outros valores senão políticos, então é a
ditadura, como a definia Carl Schmitt, a pura luta pelo poder, que não pode
levar senão à vitória dos mais fortes. Hoje em dia, mesmo os debates ditos
intelectuais se tornaram pura luta política, isto é, lobby, grupos de pressão,
manipulação de verbas, intimidação dos inimigos, e assim por diante. É o
resultado da democratização, e é indiscutivelmente ditadura. Para salvar a
democracia seria preciso saber limitá-la, isto é, restringir os critérios
democráticos ao território estritamente político e limitar o território da
política, instituindo para além da política uma zona onde os debates não sejam
decididos por meios políticos mas pela razão, pela sabedoria e pelo amor. Isto
seria precisamente a função da cultura, mas a cultura já está quase
completamente politizada e vamos a largos passos para a ditadura universal, sob
o aplauso geral das massas. Como dizia uma velha canção americana, O when will
they ever learn?
http://www.olavodecarvalho.org/textos/manured.htm
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