quarta-feira, 29 de junho de 2011

Eça de Queiroz (1872)

"Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão.
Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa –citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte."

Eça de Queiroz, in 'Farpas (1872)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Progresso

Neste deserto chão, a Natureza não tem vez, “o homem” matou o Olival centenário que aqui reinou.
 Passados trinta anos, teimam em abortar vidas, deveras mais importantes para a natureza do que quem, irracionalmente, as ceifou.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PORTUGAL CARICATO

A minha terra tem doutores, poucos, mas tem. Ainda bem, pois se mais
houvera menos riqueza sobraria para os demais trabalhadores se
beneficiarem dela.
Nesta pobre sociedade estuda-se para tirar vantagem dela e, assim, em
vez de enriquecer  o país, acontece o contrário, crescem as
estatísticas de pobres sem título, aumenta a miséria.
Mais escola, mais saber não é progresso? Sim e não. Sim em outros
países modernos. Aqui a lógica não se aplica. Não ter título, brasão,
cargo importante ou de doutor é sinal de burrice, de ser inferior.
Isto no país que tem ícones como: Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa,
O Nobel José Saramago... E, milhares de outros anônimos que tanto
engrandeceram a Nação. Culturalmente estamos no Século 19.
Para confirmar , dou um pequeno exemplo vivido, por mim, recentemente.
Levei meu cunhado à estação de Nelas para comprar bilhete.
Ao chegar na bilheteira falou com o funcionário que queria passagem
para o Porto. Mostrou o cartão de crédito junto com outro cartão da
Ordem dos Advogados de Portugal. Para nosso espanto, lhe foi dito: ó
Sr “Doutoure,” como é Advogado, tem direito a desconto na linha
Porto/Lisboa. Ótimo, respondeu meu cunhado olhando para mim um tanto
surpreso e prosa. Retribui dizendo: é por essa e outras que a CP está
falida! Rimos de um assunto tão sério, fazer o quê?
Pobre português paga mais caro pela passagem. Quem manda não estudar!
Com tanta discriminação social, não podem existir direitos de
igualdade nesta réles-pública.
Cidadania, onde estás?
O Portugal eterno, dos espertos, é custeado e penosamente carregado
pelos pobres.
Haja vergonha!