terça-feira, 31 de julho de 2012

Vão trabalhar vagabundos!



 “Há uma dificuldade muito grande em nos relacionarmos com os emigrantes”
Dá vontade de dizer um palavrão: a culpa da pressuposta "dificuldade de relacionamento” será do emigrante?! Será porque o emigrante tem identidade e autonomia própria, põe muita dificuldade em aceitar cabresto, em ser montado, subjugado e explorado? Não fosse assim, não seria um afoito destemido aventureiro, confiante no seu taco, nas suas possibilidades, para quebrar as amarras da servidão e ir ao mundo produzir riqueza. Sim, participar no desenvolvimento da comunidade que o recebeu.  Não quer viver do trabalho escravo de outros, ou dos favores de corruptos políticos às expensas da falida viúva.
Agora estão acordando para o fato do emigrante português não ser lixo, como tem sido considerado pelos governantes. Bem pior, lixo não aproveitado, sem qualquer utilidade a não ser para enviarem divisas! Por incrível que pareça, nem lixo reciclável!!!
A culpa, em parte, é da sociedade elitista, discriminatória, que sempre julgou e julga os emigrantes, na presunçosa escala social, como sendo formados por seres inferiores, de quinta categoria. Agora que bate à porta da classe média o temor e a angústia de perderem o convívio de um ou mais entes queridos, talvez seja tempo de reverem os conceitos e exigirem dos políticos mais responsabilidade, humanidade e consideração pelos esquecidos filhos da pátria, abandonados à própria sorte no mundo, sem contarem com uma política que lhes dê o devido valor, que agora está sendo percebido. É incrível que aqueles que sempre foram ignorados, estejam sendo olhados, agora, como a luz do fim do túnel da salvação!

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