sábado, 21 de julho de 2012

Enxaqueca



Enxaqueca doença ou,..! O quebranto causador de dor de cabeça? Mau olhado retirado com reza, oração, benzedura?!
Desde criança a enxaqueca sempre foi o meu ponto fraco. Lembro-me da minha avó, amorosa Conceiçãozinha, junto da lareira, em noites iluminadas pelas chamas do candeeiro a petróleo que empesteava o ar com forte odor e das labaredas do fogo na lareira aquecendo as panelas de ferro de três pernas, uma maior cozinhando a comida do porco, depois de misturar outros restos de comida e farinha, a que se dava o nome de lavagem e três outras menores: uma para a sopa, outra para as batatas e hortaliças, e outra só para água quente, para completar as outras e, também, para amornar a água de lavagem da louça. Lembro, ainda, da querida avozinha, de aspecto franzino, pegando nas tenazes para retirar do lume uma brasa e mergulhá-la numa malga com água, para investigar se a dor de cabeça do único neto, era proveniente de mau olhado. Geralmente era confirmado o mau olhado, seguindo-se o ritual da benzedura. Nunca funcionou, mas esse ritual continuou a ser repetido pela minha mãe. Valia como manifestação de conforto, carinho, e doação, prova de amor de quem me queria bem.
Quem convive com a doença sabe bem como ela interfere na qualidade de vida, no desempenho da profissão e, por sequência, no seu pleno desenvolvimento. Muitos dias a chá, comprimidos e compressas de gelo na testa. Dias e noites infindáveis com latentes pulsações de dor, mal estar e vômito. Duas enxaquecas por semana num ano somam mais de 100 dias parcialmente perdidos. Multiplicados pela idade da pessoa, são muitos anos de clausura e sofrimento. Uma vida de agonia e prisão destinada aos pacientes com dor de cabeça. Hoje, graças ao desenvolvimento de novos medicamentos, essa situação tem sido minorada!
Vai fazer três anos, por recomendação de amigo fui a médico especialista que, depois de ouvir pacientemente (novidade nos dias de hoje) meu histórico de doente descrente e desconfiado, pois procurara outros médicos sem obter resultados satisfatórios, receitou-me um comprimido para tomar todos os dias, outro para tomar na crise, avisando, que não curaria a doença, com a qual teria que conviver até certa idade, quando então ela sumiria espontaneamente. Não deu a razão de ela sumir, imagino que seja por capricho da natureza! Não importa, acertou no diagnóstico! Assim, com crises mais espaçadas, posso levar uma vida normal. Resumindo: o homem com persistência e fé no saber faz milagres, diferente dos milagres evocados aos Santos por falta de saber! 

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