Na escuridão da noite, uma hora da manhã, fizesse bom ou mau tempo, chuva ou frio, descia do comboio em Nelas, depois de cinco horas de viagem sem conforto algum, as composições vinham, na maioria das vezes, lotadas, cheias de militares de folga de final de semana. Sem espaço para sentar no chão, cansado e com fome, com passos apressados, cadenciados, punha-me a caminho de casa, ansioso de lá chegar e receber um pouco de aconchego da família com boa comida caseira e, principalmente, calor humano.
Essa experiência ensinou-me a dar valor às noites de luar. Gosto das noites iluminadas, do sossego das árvores e das sombras que projetam. Tenho saudades desse iluminado amigo a quem confidenciava meus temores, de almas do outro mundo vagando pela calada da noite, assustando-me, por vezes, com sombras estranhas. Era um cenário perfeito, para imaginar fantasmas reais. Aprendi como dominar os meus medos nas noites de luar em solos do destemido Viriato.
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